Cidade do Vaticano (RV) – Na manhã desta terça-feira, 18/11, o Papa advertiu os fiéis para não se tornarem ‘cristãos mornos, acomodados ou de aparência’. Na homilia da missa presidida na Casa Santa Marta, Francisco destacou que os cristãos devem sempre atender ao chamado de Jesus à conversão, para não passarem de pecadores a corruptos.
Na primeira leitura, o Senhor pede aos cristãos de Laudiceia que se convertam, porque caíram na ‘tepidez’; vivem na ‘espiritualidade da comodidade’. Quem vive assim, afirmou, pensa que não lhe falta nada, que ‘está bem, pois vai à missa aos domingos e reza de vez em quando’. “Estou na graça de Deus e sou rico”, acreditam.
“Este estado de espírito é um estado de pecado. O Senhor não poupa palavras a estas pessoas e lhes aconselha a ‘vestirem-se’, porque os cristãos ‘acomodados’ são nus”.
Acrescentou ainda que “há um segundo chamado: aos que vivem de aparência”. Estes se crêem vivos, mas estão mortos. A eles, o Senhor pede para serem atentos. “As aparências – disse o Papa – são o sudário destes cristãos, que estão mortos”. O Senhor os chama à conversão:
“Eu sou um destes cristãos das aparências? Sou vivo dentro, tenho uma vida espiritual? Sinto o Espírito Santo? Dou-lhe ouvidos? Ou... se parece que vai tudo bem, não me questiono? Tenho uma boa família, ninguém fala mal de mim, tenho tudo o que preciso, sou casado na Igreja... estou na graça de Deus, estou tranquilo. Estes são cristãos de fachada. Devemos procurar alguma coisa de vivo dentro, temos que nos converter: das aparências à realidade. Do torpor ao fervor”.
O terceiro chamado à conversão é a Zaqueu, “chefe dos publicanos e rico”. “É um corrupto – disse o Papa -, trabalhava para os estrangeiros, para os romanos, traía a sua Pátria”:
“Era um como muitos dirigentes que nós conhecemos: corruptos. Esses que, ao invés de servir ao povo, o exploram para servir a si mesmos. Existem alguns assim no mundo. E as pessoas não o queriam. Isso, sim, não era morno; não estava morto. Era em estado de putrefação. Corrupto, justamente. Mas sentiu algo dentro: ‘este profeta que dizem que fala tão bem, eu gostaria de encontrá-lo, por curiosidade’. O Espírito Santo é sagaz, eh! E semeou a semente da curiosidade, e aquele homem para vê-lo se comporta de maneira um pouco ridícula. Pensem num dirigente importante, e também corrupto, um chefe dos dirigentes, mas sobe numa árvore para observar uma procissão: pensem nisso. Que ridículo!”
Zaqueu, disse, “sentiu vergonha”. Queria vê-lo e “dentro trabalhava o Espirito Santo”. E depois “a Palavra de Deus entrou naquele coração e, com a Palavra, entrou a alegria”. “Os da comodidade e da aparência – disse o Papa – tinham esquecido o que era a alegria; e este corrupto a recebe imediatamente, “o coração muda, se converte”. E assim Zaqueu promete devolver quatro vezes o que roubou:
“Quando a conversão chega até o bolso, é certa. Cristãos de coração? Sim, todos. Cristãos de alma? Todos. Mas cristãos de bolso, poucos, eh! Poucos. Mas, a conversão … e aqui chegou logo: a palavra autêntica. Converteu-se. Mas diante desta palavra, havia outra, a dos que não queriam a conversão, que não queriam se converter: ‘Vendo isso, murmuravam: ‘Entrou na casa de um pecador!’: sujou-se, perdeu a pureza. Deve purificar-se porque entrou na casa de um pecador’”.
São “três chamados à conversão”, reafirmou que o próprio Jesus faz “aos mornos, para aqueles da comodidade; para aqueles da aparência, para aqueles que pensam que são ricos, mas são pobres, não têm nada, estão mortos”. A Palavra de Deus, disse o Papa, “é capaz de mudar tudo”, mas “nem sempre temos a coragem de crer na Palavra de Deus, de receber a Palavra que nos cura dentro”. A Igreja, concluiu, deseja que nestas últimas semanas do Ano Litúrgico “pensemos muito, muito seriamente, na nossa conversão, para que possamos avançar no caminho da nossa vida cristã”. E nos diz de “recordar da Palavra de Deus, faz apelo à memória, de protegê-la, de vigiar e também de obedecer à Palavra de Deus, porque começamos uma vida nova, convertida”.
Fonte: Rádio Vaticano